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Famílias de vítimas de atropelamento sofrem com impunidade

Apesar das alterações nas leis de trânsito, ainda há dificuldade na punição dos condutores que cometem crimes

Barbara Damasceno

Motorista de Porsche foi indiciado por homicídio com dolo eventual
Motorista de Porsche foi indiciado por homicídio com dolo eventual
Reprodução

Em janeiro de 2023, Simone dos Santos foi atropelada por um Porsche na Zona Leste da cidade de São Paulo. Ela estava a caminho do trabalho, atravessando a rua na faixa de pedestre. Em 31 de março deste ano, Ornaldo da Silva Viana, de 52 anos, teve o carro atingido também por um Porsche em alta velocidade. 

Apesar das alterações nas leis de trânsito, ainda há dificuldade na punição dos condutores que cometem crimes, o que gera revolta nas famílias das vítimas. Milhares de famílias convivem diariamente com a angústia e indignação pela falta de punição. 

“Eu estava saindo para trabalhar quando eu recebi a informação de que minha mãe tinha sofrido um acidente, mas ninguém sabia realmente o que tinha acontecido. Para mim, foi um acidente de trabalho, quando o médico foi falar para mim, meu mundo acabou”, disse a filha de Simone, Liza Sthefani Gomes Silva. 

Histórias como a dela só se repetem. No ano passado, mais de cinco mil mortes por atropelamentos foram registrados e em alguns desses crimes os responsáveis seguem respondendo em liberdade e impunes. 

“Uma dificuldade de se configurar esse crime porque do tempo do acidente até que seja feito um exame comprobatório dessa embriaguez, o lapso temporal acaba beneficiando esse condutor. A nossa legislação está um tanto quanto falha, benéfica para o condutor que comete um crime de trânsito”, declarou o presidente da Comissão de Direito do Trânsito da OAB SP, Ademir dos Santos. 

Em comum, nestes casos, os motoristas teriam bebido, mas não fizeram o teste do bafômetro. As leis para esse tipo de situação tem mudado. Mas o fato é: para que crimes como estes não fiquem mais impunes, existe um longo caminho pela frente. 

“O que nos revoltam bastante é que ele alega que estava a 50 quilômetros, eu pesquisei que uma Porsche consegue chegar a 100 quilômetros em quatro segundos. Tem a questão que ele estava embriagado, usando chinelo. Os policiais abordaram ele, não fizeram o teste do bafômetro e a gente fica de mãos atadas, esperando justiça, só que não tem justiça”, pontuou Richard Shalom Gomes Silva, filho de Simone. 

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