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Casal gay denuncia empresa que se recusou a fazer convite de casamento

Em pronunciamento, casal proprietário da empresa negou ser homofóbico, apesar de dizer que um dos princípios da empresa é não fazer casamentos ou eventos homossexuais

Por Édrian Santos

Henrique e Wagner denunciam empresa por homofobia
Henrique e Wagner denunciam empresa por homofobia
Reprodução/arquivo pessoal

Uma empresa de fotografia e convites de casamentos foi denunciada por casal homoafetivo após se recusar a prestar serviços à dupla. Em troca de mensagens, a atendente disse que não atenderia os possíveis clientes, já que eles não fazem “convites homossexuais”. Na sequência, recomendou a procura por outra papelaria.

“Oi, Henrique. Tudo bem? Perdão pela demora. Peço desculpas por isso, mas nós não fazemos convites homossexuais. Seria bacana você procurar uma papelaria que atenda sua necessidade”, disse a atendente da papelaria Jurgenfeld Ateliê.

A Band conversou com o promotor de eventos Henrique Nascimento, de 29 anos, casado no civil com Wagner Cardoso Soares, 38. Devido à pandemia, decidiram fazer a festa para familiares e amigos somente agora, cuja organização ocorre desde o ano passado. Ambos residem em São Paulo.

Na entrevista à Band, Henrique reforçou que ele foi procurado pela papelaria, pois estava cadastrado numa plataforma de casamentos para cotar serviços, como fotografia, filmagens e itens de papelaria.

“É inadmissível”

Na conversa entre Henrique e a empresa, cujas telas foram enviadas à Band, a atendente chegou a pedir referências de convites para apresentar projetos. O então cliente enviou vários links com as informações solicitadas, mas só teve uma resposta quase sete horas depois, ocasião em que a mulher negou realizar o trabalho em decorrência da sexualidade do casal.

“Pelo amor de Deus, é século XXI. É inadmissível. E aí fomos surpreendidos por mais um ataque de homofobia, no qual eles postaram uma nota de repúdio, assim, absurda. Mencionaram a [cantora] Anitta, um texto absurdamente cheio de desamor”, desabafou Henrique.

Posição da empresa

A nota de repúdio referenciada pela vítima diz respeito a uma publicação em que os proprietários da empresa reafirma que, por motivos religiosos, não presta serviços a LGBTQIA+. Apesar de declararem, em vídeo, que casal é homem e mulher e que não fazem convites nem outros serviços a homossexuais, os donos da empresa negaram ser homofóbicos.

“Nós temos alguns princípios na nossa empresa que nós estabelecemos desde o começo, baseados na nossa fé. Um deles, por exemplo, é não realizar nenhum tipo de casamento ou evento que seja homossexual, porque nós não acreditamos nisso. Nós cremos que, de fato, o senhor fez homem e mulher para que formassem uma família”, disse um dos donos da empresa.

A Band procurou a Jurgenfeld Ateliê – Convites de Casamento, mas não obteve respostas até a publicação desta reportagem.

STF decidiu que homofobia é crime

Em 2019, o Supremo Tribunal Federal (STF) enquadrou homofobia e transfobia como crimes de racismo. Por isso, o boletim de ocorrência aberto por Henrique e Wagner foi registrado com essa tipificação. Já em 2023, a Corte equiparou ofensas a LGBTQIA+ à injúria racial.

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