Jornal da Band

Sobreviventes de ataque em escola em SP há um ano sofrem com traumas e descaso

Adolescente de 13 anos atacou a unidade estadual Thomazia Montoro, na Vila Sônia, matando a professora Elisabeth Tenreiro e ferindo outras quatro pessoas

Por Rodrigo Hidalgo

O ataque que matou uma professora e deixou outras quatro pessoas feridas na Escola Estadual Thomazia Montoro, na Vila Sônia, em São Paulo, deixou marcas na unidade educacional. O caso completou um ano nesta quarta-feira (27) e as professoras que foram vítimas do ataque sofrem com traumas e denunciam o descaso do governo estadual. 

Os relatos das professoras que sobreviveram ao ataque do adolescente de 13 anos armado com uma faca mostram o medo e descaso após o caso. “Tenho trauma de que vai acontecer novamente. É um medo constante”, diz Rita. 

“Não posso ver um menino de capuz na rua. É descaso, tristeza”, lamenta Ana Célia da Rosa. 

Um ano depois, muita coisa mudou: a fachada ganhou uma nova pintura, a direção foi trocada e um vigilante foi contratado para reforçar a segurança. Ana Célia foi a primeira atacada pelo adolescente, salva por outras duas colegas, que imobilizaram e desarmaram o rapaz. 

A professora teve ferimentos na cabeça, mãos e perna. Os traumas seguem até hoje. Ana Célia, um ano após o ataque, teve o apoio psicológico suspenso, entrou na Justiça pedindo indenização do estado, mas a ação ainda corre e ela não recebeu nada. Agora, ela consegue uma renda vendendo utensílios domésticos. 

“O lucro não é muito, mas dá para sobreviver, as minhas contas estão atrasadas, não vou mentir. E quem mantém as despesas e me ajuda são meus irmãos”, conta. 

Além de Ana Célia, o adolescente fez outras duas vítimas: Elisabeth Tenreiro, de 71 anos, morreu após levar facadas nas costas. Ele também atacou Rita Reis, que, hoje com problemas psicológicos, se mudou para Minas Gerais e nunca mais retornou para a sala de aula. 

Assim como Ana Célia, Rita entrou na Justiça e até ganhou uma liminar, mas não recebeu nada. “Agora está correndo multa de X por dia, de atraso e até agora, nada, nada”, pontua. 

O governo do estado afirmou à reportagem que propôs às professoras que elas suspendam os processos por 90 dias, para negociação de um acordo extrajudicial. Alegou também que Rita Reis recebeu 13º e auxílio-doença por 15 dias. Sobre Ana Célia, foi oferecido atendimento psicológico entre maio e junho do ano passado. 

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