Morre Quinho do Salgueiro, uma das mais conhecidas vozes do carnaval

O interprete lutava contra um câncer e morreu de insuficiência respiratória

Lucas Dellatorres e Pedro Dobal

Carnaval na Band Rio

Fique por dentro de tudo que acontece no maior espetáculo a céu aberto do mundo. Lucas Dellatorres, jornalista da TV Band, mostra os detalhes do Carnaval do Rio de Janeiro.

Quinho do Salgueiro morre aos 66 anos
Quinho do Salgueiro morre aos 66 anos
Reprodução/Salgueiro

O intérprete Melquisedeque Marins Marques, mais conhecido como "Quinho do Salgueiro", morreu aos 66 anos nesta quarta-feira (3). Conhecido por ter sido uma das maiores vozes do carnaval do Rio de Janeiro ele deu vida a grandes sambas-enredo do Salgueiro e da União da Ilha. Ele passou mal e foi levado para o Hospital Municipal Evandro Freire, na Ilha do Governador, na Zona Norte do Rio, mas não resistiu. O corpo de Quinho foi enterrado na capela C do Cemitério da Cacuia, no mesmo bairro que cresceu e vivia.

Quinho estava afastado do carnaval desde 2022 para tratar do câncer de próstata. Ainda assim, era sempre lembrado na quadra e até mesmo no desfile, como no do ano passado, pelo carro de som, que foi batizado como "Quinho do Salgueiro".

O cantor e compositor trabalhou em diversas escolas de samba do Rio de Janeiro, de São Paulo e de Porto Alegre, mas se consagrou na agremiação do Andaraí. 

Só que o Quinho do Salgueiro também era filho da Ilha. Foi sob o pavilhão insulano que sua voz marcante se fez ouvir pela primeira vez para o mundo do samba.

O início de sua trajetória foi no antigo bloco Boi da Ilha, da Freguesia, que deu origem à atual escola de samba Boi da Ilha. Depois, ele esteve no carro de som da União da Ilha ao lado de Aroldo Melodia também interprete lendário. Em 1985, ele atuou como o cantor principal pela primeira vez. Em 1988, foi ele quem cantou “Ary Barroso, o tema é você”. Em 1989, no antológico “Festa Profana” – que levou a União da Ilha ao Sábado das Campeãs em terceiro lugar -, era Quinho quem convidava a Marquês de Sapucaí a “tomar um porre de felicidade”.

Depois de uma passagem pela União da Ilha, Quinho assumiu o carro de som do Salgueiro no início dos anos 90 e foi campeão em 1993 puxando o samba Peguei um Ita no Norte, famoso pelo refrão "explode coração". 

Em 2009, voltou a conquistar o título no Salgueiro com o enredo “Tambor”. Logo depois saiu da agremiação e só foi retornar em 2018, após passagens por outras escolas, e dividia o microfone com Emerson Dias. O atual intérprete lamentou a partida do colega, mas agradeceu pelas experiências vividas ao lado dele.

“Meu maior mestre, meu professor, meu grande espelho. Comecei a cantar samba-enredo, porque ele me alçou grande posto. Fechamos nosso ciclo na academia de samba do salgueiro seguindo o caminho que ele me lançou. Só tenho a agradecer que enquanto eu estiver à frente da academia do samba sua voz será eternizada”.

A vermelha e branca destacou nas redes sociais que a ligação de Quinho com a escola transcendeu os limites da música e do Carnaval e ressaltou que ele não era apenas um cantor, mas um poeta que traduzia em notas a essência da agremiação.  

O diretor de marketing da Liga Independente das Escolas de Samba, Gabriel David, classificou o intérprete como um artista genial da cultura popular brasileira e afirmou que ele deixa um legado eterno.

Diversas agremiações do Rio de Janeiro e até mesmo de fora do estado lamentaram a morte do “Quinho do Salgueiro”